segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Judaizando a Graça

“E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23:46). “Está consumado” (João 19:30). “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Mateus 27:51).

Como todos nós sabemos, após esses eventos, registrados nos Evangelhos, fomos libertados do jugo da lei, dos preceitos cerimoniais e, de forma alegórica, da imensa ‘dureza de coração’ observada no Antigo Testamento.

Não vivemos mais debaixo da lei, mas, sim, debaixo da graça. É ela que nos resgata, nos alimenta e nos mantém de pé.

Com a nova aliança, estabelecida a partir de Jesus, fomos libertados de inúmeras regras, prescrições e procedimentos que nos mostravam o pecado, mas que, da mesma forma, nos encaminhavam para o inferno, haja vista a impossibilidade de cumpri-los na sua inteireza.

Infelizmente, apesar da clareza do Novo Testamento, que nos acolhe com a Graça do Senhor Jesus, alguns segmentos e denominações da igreja hodierna insistem em criar novas ondas, novos modismos, novas interpretações.

A bola da vez é o chamado movimento re-judaizante.

Uma espécie de volta aos dias de Moisés, aos anos de legalismo primitivo, "ao olho por olho, dente por dente", aos tempos em que o véu do templo ainda não havia sido rasgado.

O pior é que esse retrocesso, que deseja reviver um tempo em que a graça ainda não estava entre nós, já está presente não apenas nas igrejas, mas, também, nas músicas, nos filmes, nas camisas e nas publicações cristãs.

Não vejo nenhum problema na lembrança, pura e simples, das festas mosaicas (Páscoa, Pentecostes, Tabernáculos e Dia da Expiação) ou na utilização de objetos ligados à cultura judaica, como o shofar (instrumento musical feito de chifre de carneiro ou antílope), o Kippah (cobertura para a cabeça), o talid (manto de orações) ou o menorah (candelabro de sete lâmpadas).

O drama ocorre quando esses elementos são inseridos na liturgia de nossas igrejas. O problema surge quando o ritual religioso é redesenhado para substituir a graça.

Como diz Caio Fábio, mais do que ‘recosturar o véu, frase cunhada pela poesia de João Alexandre, esse movimento veio para ‘pisar no sangue de Jesus’.

Além de uma relação cada vez mais idólatra com Israel, alguns adeptos mais fervorosos do movimento re-judaizante chegam ao absurdo de só invocar Deus em hebraico. Incompreensivelmente, proíbem Jesus, exigindo Yeshua.

Por outro lado, ressuscitam os 'levitas sacerdotes’, que, segundo o entendimento deles, estaria numa posição de superioridade, constituindo uma verdadeira ‘classe de ungidos’.

Ora, pela nova aliança, somos todos sacerdotes. O véu do templo foi rasgado, de alto a baixo, dando-nos pleno e livre acesso ao Pai. Não existem mais intermediários terrestres.

É importante enfatizar também que a lei nada mais foi do que um pacto estabelecido entre Deus e Israel. Pacto selado até que Jesus se manifestasse para transmutar a lei na graça e, profeticamente, “pisar na cabeça da serpente” (Gênesis 3:15).

É sempre bom lembrar que o fato de ter nascido sob a lei e tê-la cumprido na sua plenitude não impediu que Jesus anunciasse o Evangelho da Graça, que colocava a nossa relação com Deus em um patamar muito mais elevado e profundo, ou, mesmo, que denunciasse o farisaísmo da época.

Li em algum lugar, não me recordo onde, a seguinte observação: “a existência da arca da aliança, símbolo maior da presença de Deus, era uma prova viva de que a lei não conseguira remover o pecado, que restava coberto apenas pelo sangue dos animais sacrificados. Com a vinda de Cristo, os pecados foram removidos e estabelecido um novo concerto”.

Quer cumprir a lei? quer voltar ao Antigo Testamento? quer impregnar-se das simbologias veterotestamentárias? quer jogar a graça de Jesus na lata do lixo? Então, submeta-se. O primeiro passo seria a circuncisão. Logo depois, o cumprimento de toda a lei (inclusive, a cerimonial).

O resto é falta do que fazer, é desconhecimento da Palavra, é factóide gospel, é ausência de amor e respeito por Cristo. Se ainda não assistiram, não deixem de assistir ao vídeo postado logo abaixo sobre 'A Volta da Arca da Aliança'.

8 comentários:

Larissa Ferraz disse...

Alex, parabéns pelo texto. Muito bom. Fui muito abençoada e enriquecida pelas informações sobre esse absurdo. Gostaria de saber se posso utilizar alguns trechos dele para fazer uma dissertação para a minha igreja.

Que Deus continue te abençoando.

Alex Malta Raposo disse...

Larissa,

Nem precisava perguntar. Claro que pode. Até porque foram informações coletadas em livros ou na Rede. Fique inteiramente a vontade.

Marinho disse...

Demorou para publicar, mas valeu a pena para nós esperar. Rs. Tô brincando, mano. Parabéns. Também gostei muito. Apesar de ainda ser 'amigo de Jesus', como me chamam, fiquei com mais raiva ainda desse tal movimento.

Patrício Figueira disse...

Muito legal o texto.

Que o Senhor continue lhe abençoando.

Andréa Machado disse...

Alex,

Uma coisa que gosto nos seus textos é o equilíbrio, a sensatez e a coerência. Você sempre fica no tom certo. Isso permite uma opinião destituída de exageros.

Não perca isso. Tenho visitado outros blogs e venho constatando essa outra realidade.

Vivaldo, Aracaju, Sergipe disse...

Querido irmão,

Cheguei aqui através de outros blogs.

Parabéns pela página.

Muito bonita e edificante.

Paulo Chicago disse...

Gostei bastante do seu blog.

Já li cinco artigos e gostei muito.

Em especial do que vc fez sobre música secular. Concordo plenamente. Estarei voltando frequentemente. Valeu.

Anônimo disse...

Querido irmão,

Gostaria de saber se vc pode me ajudar a fazer o meu blog.

Moro em Itabuna. Pertinho de vc.

E frequento a Igreja B. Teosópolis (que vc deve conhecer).

Estarei mandando para o seu e-mail algumas dúvidas que tenho.

Obrigado e fique com Deus.