sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Nascidos no coração do Pai

Há alguns anos, uma colega de trabalho revelou-se extremamente triste por descobrir que estava grávida do terceiro filho. Mesmo diante dos argumentos apresentados por amigos e familiares, entre eles o de que ‘filhos são herança do Senhor’, ela não conseguia se perdoar por estar esperando uma nova criança num momento de grande dificuldade financeira, uma vez que o marido estava desempregado.

Infelizmente, muitas gestações são marcadas pelo acaso, pela ausência de planejamento e, até, pela rejeição. Muitas vezes, a gravidez não vem acompanhada, como deveria ocorrer, pela alegria, pela realização e pela gratidão a Deus.

A prenhez vem e a revolução ocorre. Decisões precisam ser tomadas, mudanças precisam ser efetivadas e rumos precisam ser corrigidos. Evidentemente que, no decorrer dos nove meses e, principalmente, depois do nascimento, o amor acaba batendo na porta. Mas o fato é que não se desejou, não se acalentou, não se sonhou com aquela criança.

Por outro lado, não há adoção casual, acidental ou indesejada. Ninguém diz: “Não queria adotar agora. Nem sei como isso aconteceu. Foi um acidente”. Na adoção, ao contrário de muita gravidez, o amor pré-existe, é requisito, vem sempre como causa e não como conseqüência.

Costuma-se dizer que o amor por um filho adotado é o mesmo reservado a um filho biológico. Na verdade, muitos estudos têm provado que, em muitos lares, esse sentimento mostra-se até mais intenso nas relações travadas com àqueles que, como as mães adotivas dizem, ‘nasceram do coração’ (órgão, inclusive, mais nobre e romanticamente idealizado do que o útero).

Creio que isso acontece porque, no caso da adoção, o amor é que foi parido no lugar da criança. Ele veio na frente. Brotou muito antes do primeiro choro, das primeiras palavras, dos primeiros passos. A partir daí é que surgiu a cria com a responsabilidade, única e exclusiva, de alimentar esse sentimento que se encontrava refém de sua própria ausência.

O maior exemplo da adoção como expressão máxima do amor vem da Bíblia. Deus sacrificou seu Filho Unigênito para que nós, filhos adotivos por intermédio do sangue de Jesus, pudéssemos ser redimidos e salvos. Vou repetir. O Criador ofereceu, em sacrifício, o filho nascido de suas próprias entranhas para salvar da morte eterna uma legião de ‘adotados’.

A palavra ‘adoção’ ocorre cinco vezes no Novo Testamento.

“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai”. Romanos 8:15.

“E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Romanos 8:23.

“Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas”. Romanos 9:4.

“Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”. Gálatas 4:5.

“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”. Efésios 1:5

Em todas essas passagens, fica claro que Deus nos adotou como seus filhos legítimos, assentando-nos no seio de Sua própria família e tornando-nos, com isso, seus herdeiros e co-herdeiros com Cristo. Guardadas as devidas proporções, é exatamente isso que acontece com a adoção terrestre, qualificada e alimentada por um amor incomensurável.

Escrevo essas linhas tendo ao lado, completamente adormecida depois de um dia inteiro de peraltices, a minha Amanda... filha que Deus me predestinou, concebida e parida do meu amor pré-nascido! Gerada por dez longos anos de espera e clamor, vimos – minha mulher e eu – o fruto das promessas do Senhor e do amor supremo que nos une materializado. Nada que eu viver nesse corpo físico superará a magia daquele encontro. Nada me conduz mais a Deus do que a gratidão por esse presente. Nada me leva mais para diante do Trono do que a sublimidade, riqueza e profundidade desse amor crescente e incondicional que sinto a cada sorriso, a cada descoberta, a cada afago.

14 comentários:

Andréa Machado disse...

Que texto lindo, Alex.

Parabéns pela decisão e pela sabedoria de abordar um tema tão belo, mas que, infelizmente, ainda é motivo de muito tabu.

Sua família é simplesmente linda.

Fui muito abençoada.

Patrício Figueira disse...

Belíssimo texto.

A adoção é, realmente, algo único. Um instrumento de amor transcendental. Que o Pai, que, afinal de contas, inventou a adoção, possa continuar te abençoando.

Parabéns.

Irmã Virgínia, F. de Santana disse...

Querido irmão,

Sua família não foi construída por laços sanguíneos (fato que nem sempre garante o bem querer), mas, sim, por esse sentimento universal que, graças a Deus, ainda encontra-se presente no mundo: o verdadeiro amor.

Fiquem sempre na paz de Cristo

Glauco Vidal disse...

Querido irmão, cheguei até aqui visitando blogs conhecidos.

É sempre bom conhecer blogs legais como o seu, repleto de textos e vídeos edificantes.

Parabéns e que o Senhor Deus continue te abençoando e a toda a sua família.

Paulo César, Rio de Janeiro disse...

Somos todos filhos adotados. E isso é fruto de um grande presente de Deus: Jesus de Nazaré.

Seguindo o mesmo caminho do Senhor, resolvi adotar duas meninas (gêmeas) há quatro anos. Hoje, ao lado de minha mulher e dos meus dois filhos biológicos, sou o pai mais feliz do mundo.

Um forte abraço.

Larissa Ferraz disse...

Um texto lindo, uma família linda.

Dizer mais o que?

Marly Venardy, SP disse...

Querido irmão,

Fiquei muito emocionada com o seu texto. Algo vindo dos céus.

Eu e meu marido estamos casados há sete anos e ainda não temos filho.

Como deve ter acontecido com vocês, minha igreja e nossos amigos têm orado muito por isso.

Deus já colocou no meu coração (e também no do meu esposo - antes resistente) o desejo de adotar.

Já estamos, inclusive, visitando instituições. Peço que você e sua mulher, que já passaram por uma experiência tão edificante, também estejam intercedendo.

Na segunda-feira, 28, estaremos conhecendo uma criança. Segundo as primeiras informações, trata-se de um menino de dois anos.

O coração está batendo mais forte e, sinceramente, não sei como vou conseguir esperar até lá. Rs. Nem dormir de ontem para hoje.

Tenho pedido ao Senhor que ocorra não o que eu quero, mas o que vier de Deus e, assim, possa ser bênção nas nossas vidas.

Que Ele, o Deus todo poderoso, siga abençoando a sua família e fazendo prosperar todos os seus caminhos.

Vitinho disse...

Que blog legal.

Show de bola.

Parabéns.

Wander, SP disse...

Belo texto, mano.

Seu blog é tudo de bom.

Fui!!!

Éverton Vidal Azevedo disse...

Eu tenho uma irmä adotiva e posso dizer que o amor da gente (irmaos e pais) por ela é muito mais intenso. Ficamos todos corujas rs. Eu penso em adotar alguns também.

Alex Malta Raposo disse...

É por aí, Éverton...

Como escrevi em outro texto, é um amor incomensurável...

Forte abraço.

Jeane Ralile disse...

Marly: gostaríamos imensamente de compartilhar contigo toda a nossa caminhada pelo sonho de sermos pais.

Como vc, tb fiquei muito insegura e ansiosa, mas no momento certo Deus falou de forma muito clara: era aquela a nossa filha! Amanda é o nosso maior tesouro que nos concedeu.

Jeane Ralile disse...

Marly: gostaríamos imensamente de compartilhar contigo toda a nossa caminhada pelo sonho de sermos pais.

Como vc, tb fiquei muito insegura e ansiosa, mas no momento certo Deus falou de forma muito clara: era aquela a nossa filha! Amanda é o nosso maior tesouro que nos concedeu.

Vilma disse...

Alex:
Vim ler aqui este post, pois Jeane deixou um pouco da vossa história no meu blogue, que me tocou e comoveu muito.
PArtilho da vossa alegria e sentimento em volta de Amanda!
A vossa história é linda.
Eu também tenho aprendido a conhecer melhor o coração do Nosso Pai, pois Ele também nos adoptou como Seus Filhos e sei que nada nos pode separar do amor Dele em Jesus.
É como as nossas filhas e eu costumo dizer isso à minha Vitória: nada, minha filha, me faz separar do meu amor por ti. Nada de mal que faças, que digas ou sejas. eu amo-te sempre. E serei sempre tua mãe!
E neste conforto que lhe transmito a ela, sinto o mesmo conforto de Deus Pai para mim.
Obrigada por terem partilhado um pouco de vocês e pelas lágrimas que colocaram nos meus olhos. Lágrimas de alegria, de amor em Cristo.
Deus vos abençoe muito, muito.