quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ouvir ou não ouvir? Eis a questão.

Em virtude da grande paixão que sempre tive pela música, vivi, a partir da minha conversão, um grande conflito: ouvir ou não ouvir música secular?

Num primeiro momento, joguei todos os meus CDs e discos de vinil na lata do lixo. Uma verdadeira defenestração musical. Na minha cabeça, um expurgo santo. Até ali, achava que todas as músicas compostas por ‘crentes declarados’ eram boas e que todas as outras, escritas por não evangélicos, eram inspiradas pelo inimigo.

Demorei para entender, por exemplo, que uma canção que enaltece o amor entre um homem e uma mulher não pode ter a assinatura do diabo.

Como atribuir ao inimigo a inspiração de músicas que celebram a vida e glorificam a obra de Deus? por acaso essas coisas foram criadas por ele?

Contam que, certa vez, a cantora e compositora Dolores Duran (1930-1959) foi passar um final de semana em uma fazenda no interior de São Paulo. No dia seguinte, ao acordar, bem cedinho, ficou maravilhada com o nascer do sol, logo após uma noite de chuva intensa. O resultado daquele êxtase diante da criação de Deus foi a canção “Estrada do Sol”, musicada por Tom Jobim.

“É de manhã, vem o sol
Mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre que me traz esta canção

Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí sem pensar
No que foi que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão, vamos sair
Pra ver o sol”

Agora, me respondam, dá para atribuir uma declaração dessa ao diabo?

Em seu blog, o escritor Mário Persona destaca dados interessantes sobre o mesmo tema: “Muitos dos hinos tradicionais que cantamos possuem letras cristãs colocadas sobre melodias que um dia foram música secular. Um exemplo é o Battle Hymn, da guerra civil americana, que era um hino militar e ganhou uma letra cristã (também conhecida como "Vencendo Vem Jesus").

Existem também hinos nacionais, como o da Inglaterra, que ganharam letras cristãs ou porções de música clássica. Li em algum lugar que a melodia de "Amazing Grace" também era secular, emoldurada, depois, por uma letra cristã.

Portanto, como em todas as coisas, o importante é ter discernimento. Assim como uma música secular pode causar dano à fé de alguém, por incluir palavras torpes ou estimular a sensualidade, uma música considerada "gospel" pode fazer o mesmo, porém de forma muito, muito mais sutil.

Hoje os cantores evangélicos são aclamados como ídolos, têm fãs e produzem música do mesmo modo que faz qualquer cantor secular. Na minha opinião, uma música de amor, com uma letra limpa, é menos prejudicial do que muitos rocks evangélicos que vêm sendo tocados por aí”, conclui Persona.

Um irmão me contou recentemente que, certa vez, repreendeu seu filho porque o mesmo cantarolava uma música com uma letra muito estranha. Para sua surpresa, entretanto, o menino rebateu: “Ué, papai, o pessoal toca essa música direto na nossa igreja.” Diante de um pai espantado, a criança acrescentou que, na verdade, tratava-se de uma banda de rock gospel.

Hoje, passados e vencidos todos os meus conflitos sobre o assunto, me permito ouvir uma ou outra música secular. Por outro lado, faço questão de lembrar que nem toda “canção rotulada de cristã” entra na minha casa. Em 1 Tesssalonicenses, 5:21, lemos: “Examinai tudo, retendo o que é bom”. Assim, cabe a cada um de nós analisar, sob a orientação do Espírito Santo de Deus, o que nos abençoa e o que vilipendia a nossa fé.

4 comentários:

Fernando Rocha, Campos, Rio de Janeiro disse...

Querido irmão,

Que a paz do nosso Senhor Jesus esteja com você e com todos aí na Bahia.

Sempre tive uma posição muito dura com relação as músicas seculares.

No entanto, devo admitir que os argumentos utilizados por você nesse texto me fizeram voltar a refletir sobre o assunto.

Que Deus o abençõe e a toda a sua família.

Alex Malta Raposo disse...

Obrigado pela visita e pelo comentário, Fernando. O importante é pedir sempre orientação ao Espírito Santo. Num mundo de lobos disfarçados de cordeiros, é fundamental, em qualquer área de nossas vidas, pedir que Deus nos dê muito discernimento espiritual.

Éverton Vidal Azevedo disse...

Um ótimo texto. Que consegue abordar um assunto ainda muito polêmico sem polemizar e sem ser simplista. Há músicas boas pra se ouvir e aprender, principalmente pra quem tem maturidade. Há até um bom livro chamado teologia e MPB que indico aqui. Mas há músicas que sao uma tristeza, e que devemos até evitar que nossas crianças escutem.

Eu ouço boas músicas seculares, mas nao quando estou na casa da minha mae rs, que ela ainda nao concorda. Eu respeito os limites dela, também tenho os meus, e nao chego perto nem da sombra do que el afez por amor ao Evangelho.

Abraço.

Broder James disse...

A paz Alex, como estão as coisas por aí? Sou de Salvador, mas mroo há uns 5 anos em Brasília... saudades da família e da praia!
Glória a Deus, pois estava procurando textos que falassem sobre a origem dos hinos mais tradicionais. Tinha lido em algum lugar que muitos hinos evangélicos tinham a melodia e harmonia de músicas seculares da época, colocadas com letras cristãs. Por estarmos na Graça, e por isso, não entendo quem critica alguma banda por utilizar rap, reggae, rock, salsa, samba, bossa, com temática cristã. Sou baterista e compositor, e na maior parte das vezes, escrevo letras que falem de temas bíblicos e espirituais. Música vai muito da questão de gosto.
Agora, querer definir, como muitos fazem, qual o tipo de ritmo e música que podem ser tocados para louvar e adorar a Deus é um absurdo de quem tem saudade da Lei e do Antigo Testamento. Como é bom adorar a Deus, por exemplo, em um reggae cadenciado de andamento lento!

Deixo o convite para visitar meu novo blog www.broderjames.wordpress.com , o último post é sobre música cristã gratuita e legal.
Grande abraço - na fé naquele é Santo, Santo, Santo -
Broder James