segunda-feira, 29 de junho de 2009

Quais são as nossas motivações?

Mesmo depois de quase dez anos de conversão, ainda fico perplexo quando me deparo com a incredulidade das pessoas acerca das Escrituras. Isso acontece porque, entre outros aspectos, a Bíblia possui uma riqueza de significados jamais encontrada em qualquer outro lugar. Cada vez que lemos seus 66 livros nos convencemos de que ali estão as impressões, os desígnios e as diretrizes de Deus. Em virtude e por causa de sua complexidade, é impossível ler várias vezes uma mesma passagem e não coletar, ao longo do tempo, novas descobertas.

Um bom exemplo dessa realidade é o Livro de Jó. Já o tinha lido algumas vezes, mas sempre pelo prisma do sofrimento. Ao ler “O caminho do coração”, de Ricardo Barbosa de Sousa, percebi que uma possibilidade interessantíssima é analisar a trajetória de Jó com a finalidade de trazer à existência as nossas verdadeiras motivações para seguir, adorar e caminhar ao lado de Deus.

Em seu livro, o autor pergunta: “como é que temos construído nosso relacionamento com o Senhor? em quais bases estamos estabelecendo nosso encontro com Ele? a dúvida lançada por Satanás também paira sobre nós? pode o homem adorar a Deus por nada? sem nenhuma recompensa, simplesmente por que Deus é bom? é possível haver entre o homem e Deus um encontro onde somente o amor e o afeto sejam as únicas motivações?”

Em “O caminho...", Ricardo afirma que a espiritualidade cristã vem do coração. "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida" (PV 4,23). De forma enfática, ele escreve: "Para muitos cristãos a vida espiritual é definida pelo conhecimento que temos de Deus através da Bíblia ou das experiências espirituais acumuladas. Contudo, o centro da nossa espiritualidade reside nos afetos".

Quando Jesus chamou Pedro para o pastorado, prossegue, "não lhe perguntou o quanto conhecia sobre Deus nem sobre as experiências espirituais que tinha tido, mas se ele o amava. Era o afeto do apóstolo que interessava ao Mestre. Isto não significa que o conhecimento ou a experiências são irrelevantes; mas se estes não são traduzidos em afetos transformam-nos em presas fáceis para as apostas do diabo”.

Seríamos nós capazes de amar a Deus se Ele nos tirasse tudo? saúde? bens materiais? família? trabalho? ainda assim, nós, em que pese a nossa famigerada miserabilidade, continuaríamos Lhe adorando, amando e prestando culto? quais são nossas reais motivações para declarar que Jesus é o Senhor de nossas vidas? Já me perguntei muitas vezes porque Deus permitiu que o inimigo tocasse o mundo de um homem tão fantástico quanto Jó. Hoje sei que, entre outras coisas, Ele permitiu para que eu e você pudéssemos ter aquele homem como um exemplo de que, sim, é possível amar a Deus, única e exclusivamente, pelo que Ele é.

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