sexta-feira, 3 de julho de 2009

Lobos internos

Uma história, cuja autoria não é conhecida, conta que um homem fez a seguinte exposição ao seu neto, que estava com muita raiva de um conhecido: “No decorrer da minha vida, experimentei algumas vezes um grande ódio com relação àqueles que ‘aprontaram’ comigo sem, no entanto, demonstrarem qualquer arrependimento por aquilo fizeram. Todavia, o ódio corrói você, mas não fere o seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra estes sentimentos”.

E continuou: “É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao seu redor e não se ofende quando as pessoas não tiveram a intenção de ofendê-lo. Ele só lutará quando for certo fazer isso e sempre da maneira correta.

Mas o outro lobo... Ah, este é cheio de raiva. Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não consegue pensar porque seu ódio e sua raiva são muito grandes. Entretanto, são sentimentos inúteis, uma vez que eles não irão mudar coisa alguma! Muitas vezes é difícil conviver com esses dois lobos, pois ambos tentam dominar o meu espírito”. O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: “e qual deles vence, vovô?” O avô sorriu e respondeu baixinho: “aquele que eu alimento com mais frequência”.

Essa história, com ares de parábola, nos dá uma dimensão muito próxima do que acontece nas nossas vidas espirituais, marcadas por um maior ou por um menor investimento. Acho curioso quando nós, crentes, declaramos aos quatro cantos que queremos estar cheios do Espírito Santo de Deus, mas, no entanto, fazemos pouco para que essa possibilidade espiritual se concretize.

Como eu posso desejar (verdadeiramente) ser “boca de Deus” se não leio mais a Bíblia como antes, se só oro dois minutos por dia, se ia aos cultos três vezes por semana e hoje vou só no domingo à noite, se não freqüento mais a Escola Bíblica Dominical, se não participo de vigílias, se não presto cultos domésticos?

Como posso estar cheio do Espírito Santo se não perco um capítulo da novela das 8, se ouço músicas que não edificam a minha vida, se só leio literaturas de baixa qualidade, se não trago cativos os meus pensamentos, se me permito participar de conversas que não agradam a Deus? Parafraseando a história relatada, eu me aproximo mais daquele que, no meu dia-a-dia, busco mais. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Isaías 55:6); “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus” (Colossenses 3:1).

Um comentário:

Jeanne Ralile disse...

De fato prevalerá sempre em nós o que nutrirmos mais, seja o material ou o espiritual.

Uma vida de intimidade com Deus requer busca e disponibilidade de tempo e de amor.

Como fortalecer uma relação se não vamos ao encontro do ente querido e "gastamos" com ele momentos preciosos? como conhecer as suas vontades e projetos se não somos sensíveis à sua voz? como mostrar a ele o quanto o amamos se não dispensamos a ele o nosso melhor?

Creio que isso se aplica tb ao nosso relacionamento com Deus. Creio que Ele se agrade de nos ver achegados a Ele, buscando N'Ele o renovo, o conhecimento, a intimidade e não só nos momentos difíceis e para apresentação do nosso "rol" de pedidos, mas tb para compartilhar nossas alegrias, regozijos e prazeres ou pelo simples prazer de estar na Sua Presença para lhe prestar tributo de amor e gratidão.