terça-feira, 14 de julho de 2009

Terapia do Perdão - Definindo o que é perdão

A definição de perdão será feita em duas fases: a primeira define o que não é perdão; a segunda fase, o que é perdão. Sem demora, vamos a elas. Primeira fase. Perdão não é esquecimento. A liberação do perdão não traz o esquecimento e nem tira o prejuízo. Os fatos que nos ofenderam nunca mais poderão ser retirados. Ou perdoamos, ou sofremos; viveremos ou morreremos amargurados. Aprenda uma coisa: ninguém tem o poder da auto-amnésia, portanto, não dependa do tempo para ser curado. Perdão não é sentimento. O perdão não deve e nem pode depender de sentirmos vontade ou não para que seja liberado. Visto que a mágoa é o sentimento que ocupa o coração por causa da ofensa, o perdão precisa ser liberado incondicionalmente. Os nossos sentimentos são condicionados pelos nossos pensamentos, ou seja, sentimos o que pensamos. Não podemos depender de sentimentos para perdoar, pois nossa mente está bombardeada de pensamentos venenosos. Portanto, nossos sentimentos nunca nos permitirão liberar o perdão.

Perdão não é negociação – O perdão não deve ser liberado mediante uma barganha. Geralmente, dentro destas negociações, estão embutidos desejos morais e emocionais, sofridos pelo ofendido. Algumas pessoas creem que só conseguirão liberar o perdão se a pessoa que as ofendeu sofrer algum tipo de castigo. Certa vez, fiz um aconselhamento com alguém que me disse que sentia um profundo alívio e senso de perdão liberado quando conseguia ver o seu ofensor sofrendo pela atitude de vingança que ele tomava. Eu lhe disse que isso não era perdão e, sim, senso de justiça corrompido, uma vez que perdão não é negociação.

Segunda fase. O perdão é uma libertação. É a postura tomada num ato de libertar de nossa mente aquele ofensor. Em virtude da dívida que ele adquiriu por causa da ofensa, nós o aprisionamos em nossa memória, como se ele pudesse pagar tudo quanto nos fez. Algumas pessoas chegam ao extremo de carregar vivas em suas memórias pessoas que já morreram há muito tempo. Quando liberamos alguém de uma dívida financeira, não temos mais o direito de fazer-lhe qualquer cobrança ou jogar a dívida na sua cara. Perdoar é destruir as prisões e os cemitérios que constituímos em nosso peito. Algumas pessoas, ao serem ofendidas, expressam-se com a seguinte frase: “fulano de tal, para mim, morreu”. Isso denota que em seu peito foi construído um cemitério emocional.

Perdão é uma atitude. Perdão não é possuir um mero sentimento passageiro, mas, sim, uma atitude definitiva. As emoções estão condicionadas às circunstâncias. De acordo com elas, sentimo-nos alegres ou tristes, magoados ou não, todavia, o perdão é uma atitude incondicional e não depende das circunstâncias. Essa atitude gera o antídoto que nos cura do veneno da mágoa. Você não pode depender do que você sente e, sim, da sua atitude, baseada na fé, de que Deus lhe dará capacidade de liberar e, ao mesmo tempo, viver livremente.

Perdão é uma terapia. Uma das grandes dificuldades que encontramos para liberar perdão é o fato de pensarmos que, quando perdoamos, justificamos um ato injustificável. Na verdade, o ofensor não é justificado quando é perdoado. Entretanto, o perdão cura o ofendido. Ele nos livra das enfermidades psicossomáticas, das depressões e amarguras que consomem alma e corpo. Façamos a seguinte ilustração: João e José se desentenderam. João pega uma arma e atira em José. João foge enquanto José está morrendo. Imagine que você esteja assistindo a esta cena. O que você faria? Saiba, entretanto, que se você socorrer José, João fugirá, ferirá outras pessoas e, quem sabe, até mesmo você. Porém, se você prender João, José morrerá. O que você faria?

Nesta ilustração, João simboliza o nosso ofensor e José a nossa alma ferida. Prender João é a atitude daqueles que não perdoam, correm atrás de justiça e sofrem o risco de serem feridos novamente. Já os que socorrem José são aqueles que cuidam da sua alma sangrando e entendem que existe um Deus cujo nome é Justiça. Perceba que os que cuidam de José não justificam o ato assassino de João, mas simplesmente preservam a vida de José. A semente de amargura foi plantada pelo ofensor, todavia, o cultivo desta semente é de responsabilidade do ofendido. É ele quem tem o regador na mão. Cabe ao ofendido largar o regador. Perdoar é largar o regador e ter consigo mesmo o compromisso de não alimentar um ressentimento. Algumas pessoas não sabem como lidar com os seus sentimentos amargos; não entendem que é preciso tomar a atitude de jogar fora o regador, pois resolveram regar a semente da amargura. “O ofensor planta a semente, o diabo dá o combustível e o ofendido rega”. Extraído do livro "Vencendo Conflitos", do Pastor Marcos Antônio Joaquim. Logo abaixo, a última parte deste texto.

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