Avivamento. Como se tem falado dele nos últimos anos. Uma bela palavra, mas que, com o uso banalizado, tem corrido o risco de perder o seu sentido original. É interessante que, antigamente, no EUA, era comum usar este termo para referir-se a uma espécie de cruzada evangelística, que, em alguns contextos eclesiásticos, era chamado de ‘Revival’. Este costume acabou gerando situações pitorescas, como estas citadas por Stott: “Na semana passada, tivemos um avivamento na igreja, mas ninguém foi avivado”. Ou como a daquela igreja que colocou uma placa na porta da frente, dizendo: “Avivamento aqui todas as quartas”. Será que esta experiência não tem se repetido também entre nós? Por essas e por muitas outras, sou contra este tipo de “avivamento”, jamais contra o avivamento que desce do céu, que se manifesta pela vontade soberana de Deus e impacta integralmente as vidas por ele tocadas.
Listo abaixo algumas características do “avivamento” que, na minha visão, não abençoa e não nos faz crescer.
Sou contra um “avivamento” sem conversão genuína.
Avivamento produz conversões que se traduzem em vidas transformadas pelo poder de Deus. Ateus, blasfemadores e religiosos formais. Enfim, em toda classe de pecadores, almas são colhidas e o reino de Deus é ampliado. Avivamento sem mudança real de vida não é avivamento, mas, apenas e tão-somente, agitação humana ou mero engano demoníaco.
Sou contra um “avivamento” sem repulsa pessoal pelo próprio pecado e pelo pecado praticado pela sociedade.
Não há como se falar em avivamento se isso não acontece. Se este 'avivamento' produz apenas cristãos ávidos (ou avivados) por sentir, adquirir e consumir, pode ocorrer tudo ai, menos um avivamento bíblico. Sem arrependimento e quebrantamento por pecados pessoais e coletivos não se pode falar em avivamento.
Sou contra um “avivamento” sem amor e misericórdia.
Um avivamento genuíno é uma obra de Deus, onde, por isso, haverá sempre amor e misericórdia envolvidos. Como falar que vidas estão sendo renovadas em seus relacionamentos com Deus e em suas jornadas com Cristo se não há nessas vidas e comunidades uma expressão visível do amor, da graça, do perdão e da misericórdia do Pai? É uma inacreditável contradição.
Sou contra um “avivamento” sem um renovado interesse pelas Escrituras.
Avivamento sem Bíblia é tudo menos avivamento espiritual, uma vez que a Bíblia é o norteador, a bússola, o referencial que nos aponta a direção divina, realidade que permeia toda a sua ação entre nós. Sem este referencial ficamos ao sabor de nossas próprias experiências, sentimentos e perspectivas. Um verdadeiro avivamento aproxima o povo de Deus da Bíblia, levando as pessoas de volta às Escrituras Sagradas.
Sou contra um “avivamento” sem um impacto verdadeiro na sociedade.
Um avivamento que não alcance a sociedade extramuros da igreja não pode ter o selo de um real avivamento. Quando Deus opera na vida do seu povo isso chega a sociedade de forma viva, intensa e relevante. Por isso, falar de um avivamento que ocorre em um gueto e ali permanece não é o que Deus nos mostra nas Escrituras. Nações já foram impactadas pelo mover de Deus no meio do seu povo e isso, sim, precisa ocorrer novamente, pois um avivamento que não influencie de verdade a sociedade em que estamos inseridos não é avivamento bíblico.
Sou contra um “avivamento” sem busca de santidade ética, pessoal e coletiva.
Avivamento verdadeiro gera santidade verdadeira. É triste constatar que, em muitos meios e em várias situações onde o termo é propagado, presenciamos inúmeros atos antiéticos sendo vistos e considerados como corriqueiros e, o que é ainda pior, não sendo reconhecidos como tal. Sem a manifestação de uma santidade ética, tanto pessoal como coletiva, não se pode falar na manifestação de um avivamento real.
Sou contra um “avivamento” que não conduz ninguém à maturidade.
Avivamento que não conduz à maturidade é algo estranho, pois se pensarmos nele como um agir do Senhor, este, naturalmente, deverá nos conduzir a um processo de aprofundamento espiritual. Se isso não ocorre é porque não há avivamento, pois Deus não trabalha para que nos tornemos ainda mais superficiais e infantilizados. Avivamento que só produz criancices, bizarrices e esquisitices é incompatível com o caráter e com o agir do Senhor, ainda que o agir Dele, muitas vezes, fuja do lugar comum e do que se entende como razoavelmente convencional.
Sou contra um “avivamento” sem vida.
Este é o contra-senso dos contra-sensos. Como aplaudir um esforço que deveria representar o infundir de uma nova vida no coração e na alma se essa nova vida não é demonstrada de forma satisfatória ou se, apenas, palavras de caráter superficial, mas de grande impacto emocional, regem este suposto avivamento. Avivamento real traz vida nova e um brilho novo. É como se a vida nova dos céus estivesse sendo infundida novamente em corpos inertes. Não é algo superficial. É algo que marca para sempre a vida daqueles que passam por esta experiência.
Concluindo, pedimos que Deus derrame sobre nós uma “chuva” verdadeira, capaz de regar os campos secos dos corações frios e insensíveis (de cristãos e não cristãos). Rogamos a presença do mover soberano de Deus na forma de um avivamento genuíno e caracterizado por todos os verdadeiros frutos a ele relacionados.
Enquanto isso, precisamos nos manter sóbrios, resistindo e rejeitando os avivamentos banalizados, os avivamentos distorcidos, os avivamentos de mentira, os avivamentos que não alcançam a família, os avivamentos que não passa dos muros das igrejas, os avivamentos que não alcançam o trabalho, a sociedade em todas as suas dimensões, bem como as relações intra e inter-pessoais. Por fim, sou contra o avivamento que não aviva absolutamente ninguém. Por Ednilson Correia de Abreu, Pastor da PIB de Ecoporanga, Espírito Santo.
4 comentários:
concordo, o avivamento real promove transformação de vidas, caso contrário, é só faz de conta.
que Deus continue te abençoando para abençoar.
quando puder me visite
fique na paz
Irmão Alex concordo com seu post acredito que avivamento é mais que movimento é estilo de vida... Deus o abençõe!
Olá Alex.
Parabéns pela postagem. Concordo com você em gênero e grau.
É triste ver tantas coisas sérias sendo banalizadas, como também a tão preciosa graça que já perdeu quase todo seu sentido até para muitos cristãos.
Mas esse é nosso trabalho, alertar e pregar o evangelho até a vinda de CRISTO.
Que DEUS te abençoe, muito.
Fica na paz.
|Áhh...Blog atualizado. dá uma passadinha lá no Conversa Decente Cristã.
Oi Alex, obrigado pela visita no Patio Gospel, gostei muito do seu blog tambem, passarei mais vezes. Abraços
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