Refletir sobre a maravilhosa graça com que Deus nos acolhe é algo fascinante e, ao mesmo tempo, perturbador. Fascinante porque, sendo uma liberalidade, ela é resultado, única e exclusivamente, do Seu imenso amor por cada um de nós. Perturbador porque, sendo favor imerecido, não há nada que possamos fazer para merecê-la ou, mesmo, para tê-la em maior quantidade, posto que é linear e uniforme.
Todas as vezes que leio os Evangelhos, fico extasiado com a graça com que Jesus via e se relacionava com as pessoas, muitas delas, vale lembrar, ladrões, prostitutas e toda e qualquer gama de pecadores. Em várias passagens, lemos coisas como “e o olhou e o amou” ou “e teve compaixão da multidão”. Cristo era a graça revelada. A graça propriamente dita. A graça em seu estado puro. Não há uma única passagem nas Sagradas Escrituras dando conta de que o Filho de Deus deixou de amar, acalentar ou se aproximar de alguém em virtude de seus pecados, sejam eles quais fossem. O que Ele não se cansava de fazer era confrontar, combater as transgressões, trazer à tona os equívocos.
Nesse ponto, a pergunta que não quer calar é a seguinte: se somos realmente imitadores de Cristo, não deveríamos ver, tratar e nos relacionar com nossos semelhantes utilizando a mesma graça? Deveríamos. Mas, infelizmente, não é assim que acontece. Amamos a graça de Deus, mas não ao ponto de internalizá-la e, o que é pior, de oferecê-la. Ficamos impressionados com a graça exalada por Jesus, mas temos o péssimo hábito de apontar o dedo. Exaltamos essa graça nas orações, nas reflexões, nos momentos de evangelismo, mas a jogamos todos os dias debaixo do tapete quando descobrimos que uma irmã foi pega em adultério, quando ficamos sabendo que o filho de alguém é homossexual ou quando alguém se desvia da fé.
Falta graça. Falta amor. Falta misericórdia.
Nos dias atuais, testemunhamos o caminhar de uma igreja que reverencia a graça, mas que, miserável e inacreditavelmente, vive afastada dela.
Conheço gente que não perde um culto, mas é incapaz de um gesto de bondade. Sei de pessoas que conhecem a Bíblia como poucos, mas, apesar disso, não conseguem utilizar os ensinamentos presentes nas Escrituras para ajudar aqueles que estão a um passo do abismo. Já me deparei com irmãos que, movidos por uma falsa espiritualidade, preferem trilhar o caminho cômodo da condenação a oferecer um ombro amigo.
Afinal, é mais fácil acusar a adúltera do que amá-la, deixando de ser, ainda que confrontando o seu pecado, instrumento de Deus para a reconstrução do casamento; é infinitamente mais fácil expulsar da igreja e segregar socialmente um homossexual do que ampará-lo, protegê-lo e fazer dele motivo recorrente de oração; é vertiginosamente mais fácil detonar o menino que transou com a namorada do que, baseado no amor, aconselhá-lo e graciosamente corrigi-lo. Quando os outros caem, a tônica quase sempre é falar mal, condená-los e, por último, abandoná-los à própria sorte. Só que isso não tem nada a ver com graça. De forma figurada, conhecemos a graça vertical, aquela que vem de Deus, mas pouquíssimo ou quase nada da graça horizontal, aquela que nos aproximaria um pouco mais do Criador.
Amemos a graça de Deus, que, um dia, em Cristo Jesus, nos acolheu. Mas não fiquemos, apenas, na contemplação. Graça não foi feita para ser contemplada, mas, sim, para ser vivida, experimentada e distribuída indistintamente.
6 comentários:
A maravilhosa Graça de Jesus é imensa, e por isso devemos ser verdadeiramente como Ele, Aquele que verdadeiramente quer ser salvo pegue a sua cruz e siga Jesus... As vezes so vemos como Cristo foi maravilhoso ... caridoso... como Ele curou e libertou... e esquecemos que qdo a palavra diz para sermos como Ele isso inclui carregarmos a Cruz... tbem sentiremos as dores que Ele sofreu assim como não foi facil para Cristo a crucificação, tbem não é facil para nós... Mas vale a pena... Porque o mais dificil Cristo ja fez por nós... Ele morreu, derramou seu precioso sangue por nós... Gloria a Deus!
Graça e pazz
Daniela Pires
É verdade, Daniela.
O que, muitas vezes, nos falta é ter Jesus, verdadeiramente, como parâmetro, como referencial, como exemplo a ser seguido. Em muitas oportunidades, isso fica apenas na falácia, no discurso, no plano meramente abstrato. Precisamos imitar Jesus na prática, no dia-a-dia, na tangibilidade da existência. Só assim passaremos a ter um pouco mais de misericórdia das pessoas, que, assim, com certeza, também terão de nós mesmos. Deus abençõe.
Alex, sensacional o seu texto. Mais uma vez, fui muito abençoada. Graça é o começo de tudo. Aliás, ela é o ponto de partida e o lugar onde tudo termina. Vivamos na graça do Senhor Jesus, sem esquecer, entretanto, que precisamos ofertá-la também. Beijo grande e meus parabéns.
Que belo texto...
Parabéns meu irmão e que Deus Pai prossiga depositando no seu coração Suas verdades eternas.
A partir de agora, estarei sempre bebendo dessa fonte. Bye.
Meditar sobre a Graça de Deus, realmente é algo que impacta a qualquer um. Que cada vez que seu coração se inclinar para receber a revelação da Graça de Deus, você possa se tornar um distribuidor dela por onde quer que venha andar.
Deixo para você uma declaração do Apóstolo Paulo que mexe muito comigo:
"Mas pela Graça de Deus eu sou o que sou, e a sua Graça para comigo não foi vã. Antes trabalhei muito mais do que todos eles, todavia não eu, mas a Graça de Deus que comigo está". 1 Coríntios 15:10
Um grande abraço e seja edificado.
www.sejaedificado.blogspot.com
Obrigado, querido.
Pela visita e pelo edificante comentário. Precisamos viver mais na graça e pela graça, fazendo com que ela transborde e inunde a vida dos nossos irmãos e semelhantes.
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